Numa excelente entrevista ao site desportivo Sueco svenskafans.com, o médio do Zenit explicou como as suas funções no meio campo do Zenit variam dependendo de quem joga ao seu lado, admitiu que as expectativas sobre a selecção Belga no próximo Mundial são elevadas e explicou por que razão considera a Liga Russa mais forte do que a Liga Portuguesa.
— Este ano tens sido usado mais como trinco no Zenit, tal como o fazes na selecção Belga. Isso facilita o teu jogo de alguma forma?
— Bem, nós não jogamos da mesma forma. Na Bélgica jogamos com um ritmo mais elevado e um futebol mais rápido, onde procuramos mais vezes a velocidade dos nossos avançados. No Zenit trocamos mais a bola e portanto o ritmo é mais lento. A minha tarefa é equilibrar o meio campo e tenho mais responsabilidades, algo que eu gosto.
— O Zenit passou de um esquema de 4-1-4-1 para um 4-2-3-1 esta época. Tu tens ocupado um dos lugares no meio campo defensivo mas já tiveste quatro companheiros diferentes ao teu lado. Com quem preferes jogar?
— Pode parecer um pouco extremo usar-se muitos jogadores na mesma posição mas não afecta tanto o meu jogo como se poderia pensar. Não importa quem joga ao meu lado, eu sinto-me seguro. Se eu jogo com o Zyryanov ou Tymoshchuk posso ser mais agressivo e avançar mais no terreno. Se jogo com o Fayzulin ou Shatov então a minha posição é um pouco mais defensiva.
— Além das longas viagens quais são as principais diferenças entre o campeonato Português e o Russo?
— Em Portugal o jogo é mais focado na posse de bola e na qualidade individual dos jogadores da frente. Na Rússia o jogo é mais físico e mais táctico.
— No ranking da UEFA a Liga Portuguesa está no 5º lugar e a Russa no 7º. Qual achas que é mais forte?
— A Liga Russa sem dúvidas. Em Portugal havia 3 ou 4 jogos por época em que não eramos claramente favoritos a ganhar. Aqui na Rússia é mais difícil. Além do Zenit existem todas as equipas de Moscovo que querem ser campeãs e ainda equipas de outras cidades como o Rubin Kazan. Além disso as equipas de mais do fundo da tabela são melhor organizadas que em Portugal, o que faz com que todos possam bater todos.
— Olhando para as equipas que tinham pela frente, foi uma surpresa para ti o facto da Bélgica ter ganho o grupo?
— O objetivo sempre foi vencer o grupo e ir para a Copa do Mundo. Mas se você tivesse dito antes que iríamos ganhar, com nove pontos, eu tinha dificuldade em acreditar que você. Mas, considerando o quão bem nós jogamos eu não acho que a mesa era enganosa de qualquer forma. O objectivo sempre foi vencer grupo e seguir para o Campeonato do Mundo. Mas se antes nos dissessem que íamos ganhar com mais 9 pontos, isso teria dificuldade em acreditar. Considerando a forma como jogamos não o apuramento não surpreende de forma alguma.
— A forma como se apuraram fez com que muita gente vos considere um outsider para este Mundial. É realista esperar que a Bélgica possa chegar às medalhas e quem sabe mesmo ao ouro?
— O Campeonato do Mundo é tão especial pois para se ter sucesso é preciso que vários factores se conjuguem num curto período de tempo. E ao mesmo tempo é preciso que as coisas não encaixem na perfeição nos adversários. Sem mencionar nomes, acredito que existem 7, talvez 8, candidatos a vencer. Seria algo incrível se a Bélgica fosse até ao fim e vencesse o torneio mas provavelmente não é realista falar sobre uma vitória no Mundial. Mas o nosso objectivo é sempre ganhar os nossos jogos. É por isso que devemos lutar.