Quem já visitou Moscovo e São Petersburgo, de certeza que percebeu o quão diferentes são as duas cidades, as suas gentes e a sua forma de viver. Moscovo é a capital económica do país, onde os negócios de milhões e onde as pessoas parecem correr de um lado para outro, num ritmo de vida louco. São Petersburgo é muito mais a capital cultural, cidade nascida de um sonho de Pedro o Grande e onde a correria do trabalho se dispersa ao fim da tarde pelos jardins e parques da cidade. A rivalidade entre as duas cidades pode ser comparada à rivalidade entre Porto e Lisboa (em ponto grande, não estivéssemos a falar de 2 das 5 maiores cidades da Europa) ou entre Rio de Janeiro e São Paulo. Amanhã quando os jogadores do Zenit e do Spartak entrarem em campo, eles saberão que não se trata apenas de mais um jogo do campeonato. Este é o jogo do campeonato. Amanhã joga-se muito mais do que a liderança do campeonato. Em jogo está o orgulho de duas cidades e das suas gentes.
O primeiro confronto
Foi à 75 anos que as duas equipas se encontraram pela primeira vez em São Petersburgo. A 8 de Agosto de 1938 as duas equipas defrontaram-se para a Taça Soviética, tendo os Moscovitas vencido por 3-0, com dois dos golos a serem marcados pelo histórico Andrey Starostin.
A primeira vitória do Zenit
Foi a 17 de Junho de 1941 que o Zenit bateu o Spartak pela primeira vez. Boris Levin-Kogan marcou o único golo da partida, naquele que foi o ultimo jogo dessa temporada. 5 dias após esse jogo a União Soviética entrava na II Guerra Mundial e o campeonato foi suspenso. Para muitos dos jogadores que estiveram em campo nesse dia, essa foi a sua ultima partida de futebol.
Retorno do futebol após a Guerra
Nos primeiros jogos após a II Guerra Mundial o Zenit conseguiu vencer o Spartak quer em casa quer fora. Em ambos os jogos o resultado foi de 3-1 com Boris Chechelov e Sergey Salnikov a conseguirem marcar em ambos os jogos.
O jogo louco de 1957
O jogo em Moscovo nesse ano foi um dos mais loucos da história do futebol Soviético, com um jogador de cada equipa a conseguir um Hattrick. O jogador do Spartak, Nikita Simonyan fez três golos mas Valentin Tsaritsyn não o deixou ficar sem resposta e fez também três golos. Curiosamente o jogo foi decidido por outro jogador a dois minutos do fim do jogo. Com o jogo empatado a 3, foi Vadim Khrapovitsky quem marcou o 4-3 para o Zenit, numa das vitórias mais belas na história do clube.
As primeiras transferências entre os clubes
Sergey Salnikov foi o primeiro jogador a deixar o Zenit para jogar no Spartak em 1945. Num período de Guerra seria de todo incorrecto chamar-lhe traidor, até porque Salnikov tinha nascido em Krasnodar, tinha aprendido a jogar futebol no Spartak e apenas jogou 1 ano no Zenit. Muito mais polémica foi a saída de Vladimir Bystrov para os Moscovitas em 2005. Os adeptos nunca o perdoaram realmente e mesmo quando em 2009 o jogador voltou a São Petersburgo, Bystrov continuou a ser assobiado durante duas épocas sempre que tocava na bola.
A difícil relação entre os adeptos
Na verdade as relações entre os adeptos do Zenit e do Spartak nem sempre foram complicadas como são agora. Esta guerra entre os adeptos começou com a famosa batalha de Shchelchok em Agosto de 1997, onde mais de 1000 adeptos estiveram envolvidos em cenas de pancadaria. As relações entre os dois clubes acalmaram após esse incidente mas entre os adeptos as batalhas continuam a acontecer de vez em vez.
Os últimos encontros
Depois do domínio do Spartak durante várias épocas, o Zenit tem vindo a vencer o seu grande rival com grande regularidade nos últimos anos. No campeonato passado o Zenit conseguiu uma goleada histórica em São Petersburgo. O nosso clube venceu por 5-0 com dois golos de Shirokov, 1 de Kannunikov, Bystrov e Fayzulin. No jogo em Moscovo o Zenit conseguiu outro resultado volumoso – vitória por 4-2 com dois golos de Witsel, 1 de Hulk e 1 de Shirokov.