O meia brasileiro nos contou sobre sua infância no Brasil, suas
habilidades em campo e sua opinião sobre o Gazprom Training Camp.
Vamos falar sobre sua infância. É verdade que você tem 8 irmãos?
Até mais! É uma historia longa. Minha mãe era casada antes de conhecer meu
pai e ter filhos com ele. No casamento anterior, eles tinham filhos também.
Então se divorciaram. Meu pai tem uma outra família agora e eles têm filhos
também. No total, eu tenho 13 irmãos e 3 mães.
É verdade que sua infância foi difícil?
Eu sempre gosto de contar sobre a minha vida e não tenho vergonha.
Todas as pessoas têm memórias antigas e eu me lembro de pedir para
meu pai e mãe comida. Minha mãe dizia que não tínhamos nada, me dava
um copo de água e eu ia dormir. Eu tenho muito orgulho agora, porque eu
consegui chegar a um bom patamar no futebol e posso ajudar a minha
família.
Você morou em uma favela?
Não. Era um ótimo local, tínhamos uma boa casa mas não era em uma favela.
Qual era seu sonho?
Eu sempre quis ser jogador de futebol. Eu acreditava que se eu conseguisse
me tornar, eu conseguiria dinheiro suficiente para ajudar a minha família.
Você jogava descalço?
Por muitas vezes. Jogando futebol ou apenas andando. Às vezes eu penso
que quando eu não usava tênis, eu não sentia dor em meus pés. Hoje eu
consigo comprar tênis confortáveis mas meus pés doem.
Sua família se mudou para São Petersburgo?
Não, meus 2 filhos e esposa ainda estão no Brasil.
É verdade que seu pai era um apostador?
Meu pai passava muito tempo em bares. Ele consegue jogar, com certeza,
qualquer jogo e era assim que ele comprava comida. Se ele ganhava,
nós comíamos. Ele passou tanto tempo em bares que aprendeu perfeitamente
como funcionava, então eu comprei um pequeno pub, que hoje ele administra.
Agora ele tem uma vida diferente.
O que você deu para sua mãe após seu primeiro grande contrato?
Uma casa. Onde nós morávamos era muito simples, então eu decidi
comprar uma para ela.
Se não for um segredo, o que seus irmãos se tornaram?
Eu paguei faculdade para alguns deles. Cada um está envolvido em algo
diferente mas todos estão bem.
Aos 20 anos você ganhou a libertadores, marcando 2 gols na final.
Como foi para você?
Eu tenho memórias incríveis dessa partida. Eu estava marcando muitos gols
na época mas não era titular. Um dos gols que marquei na final foi muito bonito!
Então você entrou em campo e surpreendeu o rival?
Isso pode ter sido parte da estratégia do nosso treinador. Ele tinha jogadores
mais experientes na minha posição, ou talvez foi um momento de genialidade.
Eu não concordo com quem diz que os jogadores titulares que vão decidir o
resultado da partida. Não é verdade. Os reservas entram e podem mudar muitas
coisas. Eles entram para melhorar o funcionamento do time e trazem energia
nova.
O que você fez com o prêmio de melhor jogador da partida?
Eu doei metade do prêmio para um centro que ajuda pessoas com problemas
de paralisia cerebral. Eu achei que seria o certo a se fazer.
É verdade que seu melhor amigo é o Leandro Damião?
Sim! Eu tenho outros jogadores que chamo de amigos, mas Damião e eu
jogamos juntos no Internacional e ainda mantemos contato. Taison é meu
amigo, me ajudou a me adaptar na Ucrânia. Ele passou por um período de
dificuldades no Shakhtar e eu o ajudei. Nós passamos muito tempos juntos e
ele é como um irmão para mim.
Os treinadores europeus e latinos são muito diferentes?
Sim. Na América do Sul, os treinadores são mais emotivos e durante os treinos
jogam com o time. Eles gostam de motiva-los.
Os europeus são mais quietos e racionais.
O Brasil tem grandes chances de vir para a Copa da Russia.
Você estará na equipe?
Sim, a equipe é muito forte. Em relação a mim, isso vai depender de quão
bem eu vou estar.
Essa foi a primeira pré-temporada com Lucescu. Como foi para você?
Nós tivemos treinamentos bem complexos mas necessários para o time porque
vinhamos de um longo feriado. Durante o treinamento, nós nos preparamos
para toda a temporada. Não foi fácil mas nos dedicamos e isso fará bem para o
time.
A pergunta principal é: Como você sobreviveu a 12 amistosos em
25 dias?
Eu acho que foi fácil. Foi a primeira vez que eu passei por um treinamento tão
intenso e com tantas partidas. Nós tentamos fazer o que ele pede e nós
confiamos muito em seu trabalho.
Lucescu sempre tenta, de um modo positivo, te tirar da zona de
conforto. Em Dubai, você jogou todos os dias. Na Espanha, você
jogou sua primeira partida poucas horas após aterrissar. Entre os
2 Training Camps, você passou dois dias treinamento em Piter.
Como isso te ajudou?
Você viu que jogamos contra times diferentes. Ganhamos muita experiência e
Lucescu misturou os mais experientes com os mais novos. Esses jogos nos
ajudam a desenvolver taticamente e fisicamente, além de ajudar a conhecer
melhor os companheiros.
Qual sua opinião sobre a longa pausa no meio da temporada?
No Brasil temos apenas uma parada e aqui temos duas. Quando voltamos,
temos um longo e pesado treinamento. No Dnipro foi o mesmo, então não é a
primeira vez que eu passo por isso.
Nós jogaremos contra o Anderlecht. O que você acha do
nosso oponente?
Eles são um time forte e nós temos estudado muito como jogam. Nós esperamos
por duas partidas muito fortes. Tentaremos ganhar e conseguir um resultado
positivo na Bélgica e então conseguir o desejado resultado em Petersburgo.
Uma de suas habilidades mais características é puxar contra-ataques rapidamente. Muitos brasileiros são diferentes e gostam de
segurar a bola o máximo possível. Isso é natural de você ou foi
treinamento?
Sim, é uma de minhas qualidades. Eu sempre tento acelerar o jogo. Treinei
muito e talvez seja por isso que sou profissional.
É verdade que você aprendeu inglês assistindo Dr. House?
Eu assisti aulas em uma escola de idiomas por 2 meses porque eu iria para a
Ucrânia. Eu sempre gostei de inglês mas não conseguia ir às aulas. Então
comecei a assistir filmes e seriados e sempre tentei passar meus fins de semana
nos Estados Unidos para praticar. E, sim, quando você assiste seriados, você se
diverte e aprende o idioma.
Você assiste algo na TV russa?
Poucas coisas. Você não vai acreditar mas Karaoke me ajudou com a língua.
Na Ucrânia, nós costumávamos ir com o time e eu aprendi muitas palavras
cantando.
Você consegue nos falar sobre a diferença de ucraniano e russo?
Sim! Um dia eu fui ao cinema, sentei, olhei e percebi que não entendia nada.
Foi ai que vi que o filme era ucraniano. Se eu ouvir, eu posso falar qual dos dois
que é. Em ucraniano, entretanto, eu não entendo nada.
Você se parece com russos. Alguém já te disse isso?
Haha. Eu sou mais bonito do que os russos. As pessoas dizem que gostam do
meu sotaque quando falo russo.